Exposição à classe de antidepressivos ISRS é associada a redução do volume cerebral na infância

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Um estudo publicado no JAMA Psychiatry, em 30/08/2023, examinou a exposição intrauterina a antidepressivos do tipo Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (ISRS) e sua associação com o volume cerebral em crianças. O estudo revelou que a exposição pré-natal aos ISRS estava relacionada a uma diminuição no volume cerebral infantil. No entanto, os pesquisadores enfatizaram que as descobertas foram baseadas em um estudo com um tamanho de amostra relativamente pequeno e, portanto, exigem interpretação cuidadosa.

O estudo envolveu 3.198 gestantes e suas crianças e dividiu as participantes em cinco grupos: 41 que usaram ISRS durante a gravidez; 257 mulheres que não usaram ISRS, mas tiveram sintomas depressivos durante a gestação; 77 mulheres que usaram ISRS no pré-natal; 74 que evoluíram com sintomas depressivos após o parto; e 2.749 sem sintomas depressivos ou uso de ISRS, como grupo controle. Entre as participantes que utilizaram ISRS durante a gestação, 20 o fizeram apenas durante o primeiro trimestre e 21 no primeiro ou em um ou dois trimestres a mais. Os ISRS utilizados foram: paroxetina, fluoxetina, sertralina, fluvoxamina e citalopram. Os filhos das participantes, entre as idades entre 7 e 15 anos, foram submetidos a ressonâncias magnéticas cerebrais em 3 momentos diferentes.

Os resultados mostraram que as crianças expostas aos ISRS durante a gestação apresentaram redução no volume de substância cinzenta e branca, particularmente no circuito corticolímbico, que persistiu até os 15 anos. Essa redução foi observada em várias regiões cerebrais, como o córtex frontal e o córtex cingulado. No entanto, em algumas áreas do cérebro, como a amígdala, os volumes aumentaram com o tempo, retornando aos níveis observados em crianças não expostas aos ISRS.

Os pesquisadores destacaram que as implicações clínicas dessas alterações no volume cerebral ainda não eram claras e que mais pesquisas eram necessárias para avaliar os desfechos comportamentais e psicológicos a longo prazo associados a essas mudanças.

O estudo enfatizou a complexidade da decisão de prescrever ISRS durante a gravidez, uma vez que o uso desses medicamentos é considerado geralmente seguro, mas pesquisas anteriores levantaram preocupações sobre possíveis efeitos adversos no neurodesenvolvimento das crianças. O estudo concluiu que as descobertas não devem ser interpretadas de maneira simplista para promover ou desencorajar o uso de antidepressivos durante a gravidez até que evidências adicionais sejam obtidas.

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